Dois soldados australianos, estacionados no Afeganistão, que vão ser julgados por homicídio involuntário, na sequência de um ataque que vitimou cinco crianças, emitiram hoje, segunda-feira, um comunicado para expressar pesar pela morte de mulheres e crianças.
Segundo o Sydney Morning Herald, que cita especialistas em história militar, é a primeira vez que soldados australianos são julgados pela morte de civis.
O principal diário australiano adianta que os ex-membros do grupo especial de operações militares (Special Operations Task Group) australiano dispararam em resposta a tiros de um alegado rebelde talibã, na província de Uruzgan.
Os soldados lançaram de seguida granadas que mataram o rebelde e cinco crianças, das quais dois bebés.
No decorrer do ataque ficaram também feridas mulheres e crianças.
Por sua vez, os acusados afirmam estar "profundamente decepcionados com a decisão do director da Procuradoria da Justiça Militar.
"Vamos defender-nos com todas as nossas forças contra as acusações", afirmam os dois soldados, distinguidos por "A" e "B".
"As palavras nunca expressarão adequadamente o nosso pesar pela morte de mulheres e crianças e pelas pessoas feridas no incidente de 12 de Fevereiro de 2009", escreveram.
"Estávamos a arriscar as nossas vidas para proteger essas pessoas. Contudo, não deve ser esquecido que as baixas foram causadas pelo ataque tresloucado de um rebelde que disparou contra nós (...) a partir de uma sala onde sabia haver mulheres e crianças", adiantam.
O "ato do rebelde obrigou-nos a tomar uma decisão em segundos, sob fogo, que quase certamente salvou a vida dos nossos colegas soldados australianos e afegãos.
Os soldados australianos enfrentam várias acusações, entre as quais de homicídio, conduta perigosa, incumprimento de uma ordem legal geral e conduta prejudicial, segundo o brigadeiro Lyn McDade, diretor da Procuradoria de Justiça Militar da Austrália.
Um dos três soldados, que se encontram actualmente noutro país, será julgado quando regressar à Austrália.
Lyn McDade disse não saber se os três enfrentarão as mesmas acusações.
"JN"