O Governo britânico pagará milhões em indemnizações a ex-presos de Guantánamo que alegam que o país foi cúmplice da tortura que sofreram. Segundo "The Guardian", o Executivo cedeu para que não fossem divulgados documentos comprometedores.

foto AFP/Ben Stanstal

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David Cameron cedeu para não comprometer Serviços Secretos britânicos

Depois de semanas de negociações entre advogados do Governo e os ex-prisioneiros de nacionalidade britânica, os ministros envolvidos acabaram por seguir o conselho dos serviços de segurança, segundo o qual o Governo não poderia arriscar expor milhares de documentos - em tribunal e em público - sobre o envolvimento britânico e norte-americano na forma como foram conduzidos os interrogatórios dos prisioneiros suspeitos de terrorismo.
O valor das indemnizações, diz o jornal "The Guardian", poderá nunca vir a ser revelado, mas o diário inglês avança que pelo menos um dos ex-prisioneiros deverá receber mais de um milhão de euros.
Uma das alegações dos ex-prisioneiros é o facto de o Governo britânico ter conhecimento de que iriam ser transferidos ilegalmente para Guantánamo e nada ter feito para o evitar.
50 mil documentos secretos
Numa altura em que o Governo se encontra a aplicar um duro pacote de austeridade, o anúncio das referidas indemnizações será justificado publicamente como um acto de interesse nacional. Para a Administração de David Cameron, é crucial não divulgar métodos dos serviços de segurança.
David Cameron terá apenas concordado em pagar indemnizações, quando o tribunal decidiu que tornaria públicos os cerca de 50 mil documentos confidenciais dos Serviços Secretos britânicos.
Espera-se que a resolução levante polémica, uma vez que, avança o "The Guardian", há quem defenda que os ex-prisioneiros estão a usar os tribunais para retirar dinheiro ao país, um país que tentaram destruir. Outros defenderão ainda que os tribunais estão a encostar o Reino Unido contra a parede: ou revelam os métodos dos Serviços Secretos ou pagam as indemnizações.
Segundo a BBC, são pelo menos seis os ex-prisioneiros que exigem ser compensados - Bisher al Rawi, Jamil el Banna, Richard Belmar, Omar Deghayes, Binyam Mohamed e Martin Mubanga. Mas haverá cerca de dez cidadãos britânicos na mesma situação, alegando que foram torturados pelos Serviços Secretos norte-americanos, com consentimento das autoridades britânicas.
Está prevista para amanhã, quarta-feira, a divulgação de um comunicado do Governo


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