A mutilação genital parece indiciar uma relação amorosa ou sexual entre vítima e agressor, na opinião do especialista em Psicologia Forense Carlos Poiares, que considera fundamental fazer a autópsia psicológica do crime que vitimou Carlos Castro.
"A amputação dos genitais é um acto de grande simbolismo que parece remeter para uma conflitualidade sexual ou afectiva", considera o especialista. Trata-se de "um acto de violência extrema, que não é exclusivo das relações homossexuais", explica Poiares, que recorda vários casos de mulheres que castraram maridos ou companheiros.
"Quem perpetrou o crime pretende reflectir uma violência muito intensa em relação a um conteúdo sexual, como a homossexualidade, por exemplo", defende, por seu lado, o psicólogo forense Rui Abrunhosa Gonçalves, que recusa a ideia de que a mutilação sexual signifique linearmente que existia uma relação de teor afectivo ou sexual entre quem praticou o crime e a vítima.
Até porque, sublinha, "é mais o que se desconhece do que o que se sabe" e se têm aparecido várias pessoas que relatam o enamoramento de Carlos Castro pelo jovem, ninguém tem falado dos sentimentos de Renato pelo colunista social.
Para o professor da Universidade do Minho, só a avaliação psicológica do suspeito e o apuramento de todos os factos poderá esclarecer este crime. A avaliação a que Renato Seabra vai ser objecto deverá ajudar a esclarecer, por exemplo, se a alegada tentativa de suicídio se tratou efectivamente de uma tentativa de terminar com a vida ou de uma manobra para aparentar uma perturbação que aligeire responsabilidades criminais.
Carlos Poiares sublinha também a importância de se fazer a autópsia psicológica, isto é, de se perceber as circunstâncias afectivas e relacionais que ligavam os dois homens.
jn