Uma médica, de 55 anos, foi ontem, terça-feira, encontrada degolada no apartamento onde residia, numa urbanização luxuosa no centro de Coimbra, pela sua empregada. A morte aconteceu no dia em que já havia festa preparada para o 81º aniversário do pai.
Os pais de Eugénia Madeira vivem ao lado do Centro de Saúde de Norton de Matos (onde a médica trabalhava, na especialidade de Medicina Geral e Familiar) e a vítima era visita regular na casa. Ontem, o pai de Eugénia fazia 81 anos e já estava preparada uma festa.
“Ela vivia muito para os pais e para o filho, que morava com ela”, conta a directora do Centro de Saúde, Conceição Milheiro. O filho de Eugénia estuda no quarto ano de Medicina e encontrava-se de férias, na Figueira da Foz, quando aconteceu o crime.
Pouco passava das 8,30 horas quando a empregada de Eugénia encontrou o seu corpo, ensanguentado e com sinais de violência, no seu apartamento, na Urbanização da Quinta da Lomba (zona onde habitam muitos médicos). Ao que o JN conseguiu apurar, a empregada contactou um vizinho, também médico e colega de Eugénia no Centro de Saúde, que posteriormente contactou as autoridades.
O JN soube ainda que a vítima apresentava sinais de asfixia com uma almofada e que a casa tinha indícios de ter sido vandalizada. “Ela saiu daqui ontem [anteontem] às 20 horas. Ia sozinha e bem disposta”, conta a directora do estabelecimento. Conceição Milheiro revela que todos estão em choque no Centro. “Era uma pessoa muito querida de todos e uma excelente profissional. Era uma das responsáveis por este Centro ser considerado o número um nacional”, defende.
A directora prossegue que era uma amiga, com quem fazia jantares todos os meses, juntamente com outras colegas do local. “No dia do funeral, o centro vai estar fechado. Já tivemos a autorização e achamos que é justo, para que todos os profissionais possam ir”, conclui a directora. As escalas no Centro de Saúde também estão a ser estudadas, para que os utentes da vítima não fiquem prejudicados.
Uma das utentes de Eugénia é Isabel Maria, professora que se deslocou ontem ao Centro de Saúde para levar uma afilhada a uma consulta. “Soube de manhã que ela tinha falecido, mas só há poucos minutos é que tive conhecimento da forma como morreu, que me deixa muito mais chocada”, conta, visivelmente abalada. Recorda que a médica foi sempre um apoio para ela e para os pais (o pai de Isabel faleceu há pouco tempo, e foi também doente de Eugénia). “Ainda não fui para casa, porque não tenho coragem de contar isto à minha mãe”, exclama Isabel
O corpo da vítima foi autopsiado ontem à tarde. “A causa da morte foram as lesões no pescoço, e a autópsia não suscitou mais suspeitas”, explicou, ao JN, o presidente do Instituto Nacional de Medicina Legal, Duarte Nuno Vieira. Os indícios de sevícias sexuais que uma fonte policial referiu ao JN não se confirmaram nos exames periciais.
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