José Manuel Gonçalves, deficiente motor, foi surpreendido pela GNR que apreendeu a viatura que comprou no ano passado por causa de uma dívida que nunca contraiu. Agora, se quiser voltar a conduzir a viatura, terá de pagar cerca de 4 mil euros.

Quando em 2009 comprou um Opel Corsa com mudanças automáticas para adaptar ao seu grau de deficiência, José Manuel Gonçalves estava longe de imaginar os problemas que iria ter.

Paraplégico, aquele comerciante, proprietário de um café, a residir na localidade de Figueiredo (Guimarães), adquiriu o carro num stand “de uma pessoa conhecida”, em Vila Nova de Famalicão, e pagou a pronto 8 mil euros. Trouxe ainda uma declaração do stand Raifama onde se lia que o carro, a partir daquela data lhe pertencia. Meses depois, foi surpreendido por uma patrulha da GNR, que lhe apreendeu a viatura.

Com a documentação em ordem, José Gonçalves apurou que lhe apreenderam o carro por causa de uma dívida contraída por uma empresa, antes de 2008, e que na altura era proprietária do veículo. Entretanto, após 2008, o carro já passou pelos stands Filinto Mota, Manuela Dias e Carvalho, Nuno Ribeiro e RaiFama.

“Paguei o carro, tenho os documentos e não possa usá-lo”, afirma, indignado, sem saber muito bem como serão desfecho desta história que lhe poderá dar um grave prejuízo financeiro. “A solução que eu tinha era pagar a dívida de uma empresa que não conheço e vai em mais de 4 mil euros”, afirma. Contudo, essa assumpção da dívida levaria, segundo o próprio, a que ficasse inviabilizada uma acção em tribunal.

O JN tentou seguir o rasto ao passado da viatura e contactou Rui Raimundo, do stand Raifama. Ele esclareceu que serviu de intermediário, em nome particular, entre o interessado e o stand onde foi adquirido o carro. Explicou, ainda, que sabia de um stand onde estava um carro adaptado pelo que encaminhou o interessado e recebeu uma comissão por isso.

Aquele comerciante esclareceu que o stand do qual o filho é proprietário nada tem a ver com o caso, disse que ele, em nome particular, levou o agora proprietário da viatura ao Stand Nuno Ribeiro, em Esposende, onde foi adquirida a viatura.
Rui Raimundo remeteu mais esclarecimentos para o armazenista e para o proprietário do stand. O JN tentou contactar o Stand Nuno Ribeiro através dos contactos fornecidos por Rui Raimundo mas ninguém atendeu.

Entretanto, da empresa de revenda de automóveis Manuela Dias e Carvalho, Ldª, surgiu a versão de Alcino Carvalho. Este responsável conta que comprou, em 2008, um pacote de automóveis à Filinto Mota, entre os quais o Opel Corsa em causa. “Faço revenda, vendi o carro ao senhor Nuno Ribeiro, que posteriormente colocou à venda no stand RaiFama. Há pouco tempo, fui confrontado que o carro tinha uma penhora”, explicou, ao JN.

Alcino Carvalho está expectante em relação ao desfecho deste caso porque garante ter todos os documentos dentro da legalidade e lembrou que a penhora é de 2007.

"jn"