Inaugurada há três anos e galardoada internacionalmente, a ponte móvel de Matosinhos está tomada pela sujidade. Há painéis de acrílico partidos e os elevadores são usados como quarto de banho. Os utentes protestam. A APDL diz que vai reforçar a fiscalização.
Quem utiliza a travessia todos os dias desconfia que a ponte nunca foi limpa desde que abriu.
David Araújo mora em Matosinhos e tem um negócio em Leça da Palmeira. Por isso, "são dezenas" as vezes que passa na ponte. "Nunca vi os acrílicos limpos", garante. "Até podem ter sido limpos alguma vez, mas de certeza que só foi quando a ponte foi inaugurada", reforça. "Acho que o estado dos vidros dizem tudo", remata, por sua vez, Manuela Oliveira.
A moradora de Leça da Palmeira refere-se aos painéis de acrílico colocados ao longo de toda a ponte. Alguns estão partidos há meses. Os que resistem estão sujos e vandalizados, ostentando todo o tipo de mensagens: "Leixões, dá-lhe", "Amo-te João Piasca" e até escritos satânicos.
A cobertura na faixa de peões está negra. Os elevadores, que estavam parados na altura da inauguração, em 2007, estão agora intransitáveis, tal é o mau cheiro no interior. Utentes e Administração do Porto do Douro e de Leixões (APDL), responsável pela travessia, atribuem o actual cenário a actos de vandalismo.
"As pessoas também não têm consciência. Destroem tudo. De madrugada fazem tudo na ponte, até urinam", denuncia José Lopes, reclamando um aumento da vigilância. "Os elevadores estão fechados da meia-noite às oito da manhã, mas se calhar deviam fechar mais cedo", sugere.
"No início, ainda houve, durante um ano, uma empresa de segurança. Estava tudo muito mais cuidado. Havia um efeito dissuasor", recorda David Araújo.
Quem usa a ponte de Leixões exige, por isso, que a APDL reforce a limpeza. "Devia ser limpa, pelo menos, uma vez por semana", considera Manuela Oliveira. Moradores e comerciantes dizem-se envergonhados pelo estado de uma travessia utilizada por muitos turistas e que já recebeu um prémio internacional de design.
"Claro que me incomoda e que dá má imagem", diz Manuela Oliveira. "Na semana passada, estiveram no porto de Leixões três paquetes enormes. Muitos dos turistas passaram na ponte e viram toda a sujidade. Isto não abona nada a quem tem pretensões europeias", concorda David Araújo.
A APDL atribui todas as situações relatadas pelos utentes da ponte móvel à "utilização menos própria da infra-estrutura" e a "dificuldades de actuação numa área pública e de intensa utilização".
Referindo que a limpeza da travessia é efectuada por uma empresa contratada, a Administração do Porto de Leixões garante que "irá redobrar os esforços no sentido de fiscalizar a limpeza e a manutenção da ponte móvel".
"jn"