De um dia para o outro, Maria Fernanda Silva ficou sem forma de ganhar a vida. A barraca onde vendia artigos de praia, na Praia de Matosinhos, ardeu e ficou reduzida a cinzas com todo o material lá dentro. A Polícia Judiciária está a investigar.

O incêndio aconteceu na madrugada da passada quarta-feira. Maria Fernanda Silva acordou com um telefonema, perto das 7 horas, a relatar o sucedido. A barraca de madeira onde vendia bolas, pranchas, raquetas, toalhas, roupa de praia, entre muitos outros artigos, estava reduzida a cinzas. Ardeu tudo o que havia para arder.

Sobre a areia, ficaram apenas uns toros de madeira pretos, agora delimitados por uma fita de protecção da Polícia Marítima. “Nem posso ver aquilo, só me apetece chorar”, repete Maria Fernanda, vendedora na praia de Matosinhos há mais de 30 anos. O negócio prolonga-se para lá da época balnear, sempre que o sol aparece aos fins-de-semana.

Fernanda ocupava a barraca que ardeu desde 1992. “Era linda, linda”, diz, recordando os elogios dos clientes. No Verão do ano passado, o JN fotografou a estrutura no âmbito de uma reportagem sobre o negócio nas praias. Maria Fernanda Silva encadernou a notícia e mostra-a, agora, com um olhar saudoso.

A vendedora ainda não fez as contas, mas acredita que o prejuízo andará perto dos 2500 euros. Esse terá sido, aliás, o número avançado às autoridades. “Quem fez isto sabia o que andava a fazer”, afirma, convencida de que o caso não se deve a vandalismo ocasional. A estrutura em madeira maciça deixa perceber que não bastava um fósforo para conseguir aqueles estragos.

?Há pessoas que não queriam que eu estivesse aqui?, revela a comerciante, suspeitando que o incêndio estará relacionado com o licenciamento da sua actividade naquele espaço.
Desde 2001 que Fernanda Silva tem problemas com a emissão da licença. A Administração dos Portos do Douro e Leixões é a entidade a quem compete autorizar as concessões na zona de praia.

“Só gostava de saber quem vai pagar por estes dias que eu não posso trabalhar e deixo de ganhar”, questiona a vendedora, preocupada com o futuro.

"jn"