Jorge Saramago, um ex-árbitro de futebol que acabou condenado no processo Apito Dourado, em Gondomar, é, agora, arguido no caso "Face Oculta".
A ligação ao caso surge pelo facto de ser funcionário de uma empresa do sucateiro Manuel Godinho
A diligência da Polícia Judiciária de Aveiro aconteceu nos últimos dias. Saramago é funcionário administrativo no grupo O2, de Ovar, e, nos últimos tempos, tem exercido funções na Madeira.
Aliás, ao que sabe o JN, a constituição como arguido aconteceu na semana passada, no aeroporto Francisco Sá Carneiro, no contexto de uma viagem ao Funchal. O arguido foi interrogado anteontem.
Jorge Saramago poderá ser incluído na acusação do MP, a par de outros funcionários do grupo empresarial de Manuel Godinho. Recorde-se que, conforme já noticiado, a PJ de Aveiro propôs, no relatório final da investigação, acusação contra cerca de 30 arguidos.
Em 2008, o ex-árbitro foi condenado, no Tribunal de Gondomar, por um crime de corrupção desportiva, a multa de 630 euros. Ficou ainda inibido de exercer funções de árbitro por um período de dois anos e seis meses.
A acusação do Departamento de Investigação e Acção Penal do Baixo-Vouga (Aveiro) deverá ser proferida até ao próximo dia 28, data em que Godinho completa um ano em prisão preventiva. Se até esse dia não for proferida a acusação pública, o principal arguido terá de ser libertado. Porém, o Ministério Público já garantiu que o caso será concluído até essa data.
O empresário de Ovar é suspeito de ter organizado uma rede de corrupção e tráfico de influências junto de políticos e responsáveis de grandes empresas, entre os quais Armando Vara. O até recentemente administrador do Millennium-bcp e ex-ministro do PS apresentou, a Godinho, Paiva Nunes, administrador da EDP Imobiliária.
A maior parte dos casos em que aparecem envolvidas a empresas do sucateiro de Ovar tem a ver com furto de metais nobres (cobre), no espólio de empresas públicas, como se de lixo se tratassem. Godinho é suspeito de, à custa deste esquema, ter obtido um proveito presumivelmente ilícito de 1,240 milhões de euros.
Neste contexto, aquando das buscas de há um ano e constituição de arguidos, a PJ imputou a Armando Vara a suspeita de ter recebido 10 mil euros, em notas, de Manuel Godinho, em troca da abertura de portas no mundo empresarial.
Porém, Vara - agora representante da cimenteira brasileira Camargo Corrêa, em África - está também indiciado de ter recebido 25 mil euros, a par de Lopes Barreira (consultor e ex-membro da Fundação para a Prevenção Rodoviária), aquando de uma visita à casa de Godinho, em Esmoriz.
A suspeita sustenta-se numa escuta em que é questionada a entrega de "25 quilómetros". Vara nega, explicando que se trata de expressão utilizada na gíria bancária e que se referia a uma eventual entrada de Godinho no BCP, como cliente.
Além do ex-governante socialista, arguido é também, entre outros, José Penedos, ex-presidente da REN (Rede Eléctrica Nacional) e igualmente ex-governante do PS. Também o filho deste dirigente, Paulo Penedos, é arguido no processo
"jn"