A Alemanha recusou o pedido de extradição para Portugal do presumível duplo homicida Gunnar Dorries, de nacionalidade alemã, suspeito de ter assassinado uma mulher angolana e a própria filha de ambos, em Julho, no Algarve.
"Decidimos que o julgamento deve ser feito na Alemanha, porque os meios de prova existem tanto aqui como em Portugal, e o mesmo se passa com as testemunhas e o pano de fundo do caso", disse hoje à Lusa o procurador geral de Munique, Joachim Ettenhofer.
A decisão sobre o requerimento apresentado pela justiça portuguesa, há cerca de quatro meses, foi tomada na semana passada pela Procuradoria Geral de Munique, e o julgamento ainda não está marcado, porque as investigações continuam a decorrer, adiantou também Ettenhofer.
O suspeito tinha apresentado recurso contra a extradição, através do seu advogado alemão, Sascha Petzold, por causa da língua e também para que a família pudesse continuar a visitá-lo na prisão, como foi anteriormente noticiado.
Na Alemanha, o suspeito arrisca uma pena máxima de prisão perpétua, que corresponde a 15 anos de cadeia, mas pode ser prorrogada indefinidamente, se continuar a ser considerado um perigo para a sociedade. Em Portugal, a pena máxima é de 25 anos.
Dorries, um engenheiro alemão de 43 anos, terá matado a angolana Georgina Zito - com quem tinha mantido uma relação amorosa, que não assumiu, por viver com outra mulher - e a filha de ambos, Alexandra, de 21 meses, durante as férias que estava a passar com ambas, em Lagos.
Segundo as polícias portuguesa e alemã já tinham apurado, o suspeito viajou para Portugal a 06 de Julho, na companhia de Georgina Zito, de nacionalidade angolana, que era residente em Estugarda, e da filha Alexandra, alojando-se com elas num hotel de Lagos.
A 10 de Julho, o suspeito terá arrastado Georgina para a água na praia do Canavial, onde a afogou, simulando um acidente, desaparecendo em seguida com a pequena Alexandra nos braços.
Horas depois, chegou ao hotel já sem a filha, e a 13 de Julho viajou para Lisboa num carro de aluguer, apanhando depois um avião para Munique.
A 15 de Julho, um comando especial da polícia alemã deteve Gunnar Dorries no seu apartamento na capital bávara, com base num mandado de captura europeu emitido pelas autoridades portuguesas.
Desde então, o suspeito está detido em regime de prisão preventiva na capital da Baviera, já foi interrogado várias vezes pela polícia, mas recusa-se a revelar o paradeiro de Alexandra.
Chegou mesmo a afirmar que a criança estava viva, a última vez que a viu e que a entregou a um casal de turistas no Algarve, mas a polícia alemã, tal como a polícia portuguesa, que efectuou várias buscas no local, sem encontrar qualquer pista, julgam que a criança deve estar morta.
jn