Eram três homens. Um encapuzado e dois armados, com um revólver e um pé-de-cabra. Roubaram ouro, diamantes e duas caçadeiras da ourivesaria Moisés, em Alenquer, e antes de saírem com 950 mil euros em jóias dentro de um saco agrediram três pessoas.
As imagens gravadas pelas câmaras de vigilância contaram a Silvino Morais o que se passou, anteontem à tarde, na ourivesaria. "Nem dá para acreditar" assegura o empresário, 64 anos, 50 dos quais dedicados à venda de ouro.
"Saí daqui por volta das 17 horas para ir à farmácia pagar uns medicamentos.Demorei uns minutos e quando estava de regresso, um conhecido disse-me para ir a correr, porque a minha ourivesaria tinha sido assaltada e a minha mulher agredida", conta Silvino. "Foi empurrada e bateu com a boca. Levou vários pontos", informa o ourives.
"Eles deviam estar a vigiar o espaço e esperaram que eu saísse para entrar. Deviam saber que só cá estavam mulheres e para eles era mais fácil" disse, afiançando que "quem fez isto conhecia bem o espaço". "Levaram uma vida de trabalho, mais de 950 mil euros em ouro e diamantes", assegura.
Depois de ver as imagens e falar com a mulher, Silvino reconstitui os factos. "Ela estava ali dentro [há uma porta a separar a loja do resto do estabelecimento] com uma amiga a limpar as pratas para uma passagem de modelos". Nessa ocasião, olha para o televisor e vê entrar uma pessoa lhe pede para ver um anel fininho
"Ela encosta a porta para abrir o cofre e quando se ouve o clique, entraram mais dois homens", conta Silvino. Um deles empurrou a esposa e agrediu a amiga com a coronha de um revólver.
Na ourivesaria encontrava-se ainda um homem que "tinha vindo colocar um colchão lá em casa, e veio dizer à minha mulher para ir ver se estava tudo bem". Foi corrido a pancadas de pé-de-cabra, e "só não lhe bateram na cabeça porque ele conseguiu fugir", garante Silvino Morais.
Inconsolável, Silvino mostra o cofre vazio. "Tudo o que tinha valor eles levaram" lamenta-se, com os mostradores de anéis na mão - os mais finos e menos valiosos - que ali ficaram. "Nunca imaginaram que aqui estava tanto. Devem ter ficado deslumbrados", conta Silvino, No cofre estavam ainda oito caçadeiras.Os ladrões levaram duas.
Com um grande saco de lixo branco cheio, os três homens - dois falavam português - atravessaram a rua dos bombeiros, a ponte sobre o rio e entraram num veículo "velho e vermelho", que ali estava estacionado. Entraram em contramão numa rua da vila e fugiram em direcção à Ota.
jn