Viktor Bout, a quem os meios de comunicação apelidaram de "mercador da morte", foi transferido da Tailândia para os Estados Unidos da América, na manhã de hoje, terça-feira, de acordo com uma decisão do Governo de Banguecoque.
foto AFP |
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Viktor Bout rodeado de um forte dispositivo de segurança durante a sua extradição |
As autoridades russas reagiram à extradição de Viktor Bout, suspeito de ser responsável pelo fornecimento ilegal de armas e várias situações de conflito, acusando as autoridades tailandesas de terem cedido às pressões de Washington.
Um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia afirma que "causa desagrado o facto de as autoridades tailandesas terem cedido às pressões externas e terem levado a cabo a extradição ilegal de Bout".
Recorde-se que Viktor Bout foi detido em Março de 2008, na Tailândia, na sequência de uma operação levada a cabo pelos serviços secretos norte-americanos. Bout foi atraído para um potencial negócio, com um suposto representante dos rebeldes colombianos, e detido no local do encontro.
Viktor Bout é um ex-piloto da força aérea soviética e, nos anos 90, desenvolveu uma empresa de transporte de mercadorias que actuava sobretudo em África e no Médio Oriente.
De acordo com um relatório da ONU de 2000, Bout era um dos elementos chave de um cartel que fornecia armamento aos rebeldes de Angola, do Congo, da Libéria e da Serra Leoa.
O relatório concluia que Bout teria cumprido pelo menos 38 contratos na região Sul do continente africano, entre os quais importantes fornecimentos à UNITA.
De acordo com a mesma fonte, a UNITA extraía por ano mais de 150 milhões de dólares de diamantes, que constituíam a principal divisa para a compra de armas.
Mas a preocupação de Moscovo com a extradição para os EUA parece dever-se ao facto de que Bout possa estar em posse de informações confidenciais.
Segundo o senador russo Mikhail Kapura, o interesse dos EUA na extradição de Bout tem motivos estratégicos. "Aqui há interesses da indústria militar", afirmou Kapura à agência Interfax, adiantando que "Bout é portador de informações muito sérias, ligadas aos fornecimentos de armamento russo em várias partes do Mundo".
Na opinião do senador, as autoridades norte-americanas vão propor a Bout uma opção, "ou dezenas de anos de prisão ou a saída em liberdade, se Bout lhes revelar tudo o que esperam".
jn