O português Rui Oliveira foi distinguido esta semana pela ONU pelo seu trabalho como voluntário, que iniciou depois de reformado. Depois de 42 anos a trabalhar, Rui Oliveira diz ter ficado alertado com a perspectiva de ser útil e encontrou a solução no voluntariado pela internet.

O voluntário dedica agora «cinco a seis horas» dos seus dias na manutenção e resolução de problemas da página Internet de uma organização não governamental, a VPWA, com base no Gana. Um trabalho que as Nações Unidas distinguiram esta semana com o prémio «UNV Volunteering Award 2010», atribuído anualmente a dez pessoas num universo de cerca de um milhão de voluntários.
Segundo Rui Oliveira, tudo começou «há cerca de um ano». Depois de de uma vida inteira a trabalhar em informática, Rui sentiu-se «alarmado» com a ideia de parar. Foi então que um amigo lhe falou do voluntariado pela Internet sob a égide das Nações Unidas, um serviço para o qual acabou por se inscrever.
A VPWA, uma organização não governamental baseada no Gana, procurava alguém que ajudasse a construir e manter uma página na Internet e o português pareceu ser a pessoa ideal.
Um dos aspectos que distingue este projecto de voluntariado é a sua credibilidade, quer para organizações não governamentais quer para os voluntários que se oferecem para ajudar.
«Há cerca de um milhão de voluntários, com muitas competências diferentes. O facto de ser através da ONU dá-nos a confiança de sabermos que estamos a trabalhar com organizações correctas e, por outro lado, elas sabem que se nós estamos no voluntariado da ONU, é porque passámos por vários crivos e somos avaliados pelo nosso trabalho», explicou.
As especializações dos voluntários são muitas e as necessidades das organizações também, referiu, exemplificando com a falta que um jurista sério pode fazer em países com sistemas instáveis: «Podem conseguir que um jurista lhes faça um esquisso de um contrato ou podem conseguir um arquitecto que lhes desenhe um projecto que não conseguiam pagar se fosse de outra forma».
«Nunca pensei que ia parar a um banco de jardim», disse, referindo que através dos anos foi mantendo sempre uma «ligação a África», iniciada no tempo que passou na Guiné-Bissau, durante a guerra colonial.
Por causa do seu trabalho «numa multinacional» passou tempo em vários países - Angola, Botswana, Namíbia -onde se foi apercebendo das muitas carências sentidas pelas populações.
«Aqui as pessoas queixam-se de ganhar trezentos euros por mês, mas lá há pessoas que têm que viver com um euro por dia».
Para o ano, pensa levar o voluntariado ainda mais longe, viajando até ao Gana para ajudar outra organização não governamental, a «New Life Foundation».
«Eu e mais algumas pessoas vamos viajar à nossa conta. Vou fazer cursos de formação e introdução à informática, é um trabalho interessante», afirmou.
O prémio é apenas um diploma, mas Rui de Oliveira afirma que é «óptimo» ser distinguido por fazer aquilo de que gosta e que o faz sentir «útil» depois da reforma.