Mais do que a revolta pelos milhares de euros em ouro, jóias e relógios que foram roubados da ourivesaria Mário, no centro de Barcelos, os proprietários acusam a atitude "negligente" da Polícia, que foi alertada várias vezes. Ladrões entraram por um buraco.
A família Dias, proprietária da ourivesaria Mário, na Rua D. António Barroso (Rua Direita), em Barcelos, temia que o infortúnio estava prestes a bater à porta. Às tentativas de assalto às suas residências e às lojas de Vila Verde e de Arcos de Valdevez, somavam as suspeitas baseadas em factos concretos: no sábado de manhã, a janela de um consultório de Podologia que existe no primeiro andar fora forçada.
"Vim ao consultório e senti a janela a bater, quando abri a porta. Verifiquei que tinha sido estroncada, mas nada estava remexido. Em todo o caso, achei estranho e alertei os senhores da ourivesaria", conta a podologista Carolina Carvalho, convicta que a "visita" de sexta para sábado foi "para reconhecimento do local".
O histórico de coincidências, somado a uma série de assaltos a ourivesarias - em finais de Julho foi a ourivesaria Silva, ao fundo da mesma rua, e, em 30 de Setembro, a ourivesaria Cunha&Vale, na Rua 1º Dezembro em Esposende - levaram os proprietários a alertar a PSP.
"Dirigi-me à esquadra e alertei para os factos, pedindo que reforçassem o policiamento. Às duas da manhã, o senhor Júlio veio cá e chamou a Polícia. Vieram dois agentes e foram às traseiras. Alertamos que a janela do consultório estava entreaberta, quando ao final da tarde estava fechada. Eles já estavam cá dentro e, no entanto, a polícia ainda pediu a identificação a quem os alertou", relata Mário Jorge Dias.
Mesmo método
O "modus operandi" corresponde ao de outros assaltos que têm ocorrido na região. Através de umas escadas laterais, com recurso a material pesado (macaco hidráulico e um tronco) é aberto um rombo na parede, permitindo o acesso ao interior. Depois, em quatro minutos são esvaziadas as prateleiras, sendo, ainda, uma das imagens de marca do grupo deixar para trás relógios ou jóias espalhados pelo ponto de fuga.
"As imagens das câmaras de vigilância mostram três indivíduos a entrar na ourivesaria e a partirem as montras, levando tudo o que está à mão", diz Mário Dias, o proprietário. As imagens registam a entrada às 8,35 horas e a saída às 8,39 horas. Os assaltantes, com passa-montanhas e lanternas, ainda estiveram, porém, longas horas no consultório de Podologia e num outro consultório médico que dá para a Rua Direita. "Pressupõe-se que arranjaram duas hipóteses de fuga, na eventualidade de serem interceptados", relata Mário Dias.
Seja como for, os proprietários da ourivesaria estão revoltados com a "atitude passiva da PSP, pois podia ter deitado mão a este gangue e nada fez". "A Polícia Judiciária de Braga foi alertada e sabemos que comunicou à PSP de Barcelos para redobrarem a atenção, mas nada foi feito. Já fui à esquadra para apresentar queixa, mas não deixaram. Vou escrever no livro de reclamações", disse Mário Jorge Dias.
"jn"