A eliminação do desporto escolar pode levar cada aluno a ganhar quatro quilos num só ano letivo, segundo contas reveladas à agência Lusa por um especialista em obesidade infantil.
A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) criticou na segunda-feira aquilo que diz ser a eliminação das horas para o desporto escolar prevista no plano de organização do próximo ano escolar.
Para António Palmeira, investigador da Universidade Lusófona, a supressão do desporto escolar teria consequências a longo prazo na saúde dos jovens.
"Parece-me uma perspetiva muito economicista, de curto prazo. As pessoas que não fazem desporto nestas idades muito dificilmente o farão na idade adulta e 80 por cento dos que são obesos nesta altura serão obesos na idade adulta", frisou em entrevista à agência Lusa.
Segundo as contas do especialista, duas sessões de desporto escolar por semana representam o consumo de mil calorias, o que corresponde a 30 mil calorias por ano.
"Representam quatro quilos a mais no jovem se mantiver o mesmo regime alimentar num ano letivo, só por não terem desporto escolar", sintetiza António Palmeira.
Sem o desporto escolar, diz, "será difícil os alunos terem acesso de forma organizada à prática desportiva".
"O desporto escolar é uma oportunidade de os nossos jovens praticarem desporto da sua preferência sem ser tão sério como um clube federativo e com encargos reduzidos para as famílias", explica.
Sobre a nova taxa de IVA aplicada ao desporto juvenil, que aumentou de seis para 23 por cento, António Palmeira teme que leve também à redução da prática desportiva: "Provavelmente vai passar a ver-se como um extra, um luxo".
A Fenprof acusou na segunda-feira o Ministério da Educação de querer "impor, sem negociar", um plano de organização do próximo ano escolar que poderá eliminar "cerca de 10 mil horários de trabalho", entre os quais se incluem os cerca de mil horários para o desporto escolar.
Diário Digital / Lusa