A morte de Emília Ferreira Valente, de 57 anos, alegadamente assassinada pelo companheiro na casa onde ambos viviam, em Santa Maria da Feira, deixou o Furadouro, em Ovar, onde a vítima tinha uma papelaria, em estado de choque.
Ontem, não havia no Furadouro quem passasse pela papelaria Topázio, situada na avenida central da localidade, sem deixar um ou outro comentário de pesar pelo que aconteceu anteontem à noite.
Nas esplanadas, nos cafés, nos supermercados, o tema era só um: o fim inesperado da vida de Emília Ferreira Valente, ao que tudo indica às mãos de Abel Joaquim Rodrigues da Costa, de 58 anos, ex-emigrante, de Vale de Cambra, com quem vivia desde Março último, em Mosteirô, na Feira.
Tudo terá acontecido, tal como o JN ontem noticiou, cerca das 22 horas de anteontem, minutos depois de Emília Valente ter chegado a casa com o objectivo de colocar um ponto final na relação.
António não quereria romper com a ex-companheira, terão discutido e ele deu-lhe um tiro na cara, matando-a. A seguir, telefonou para o filho, dizendo-lhe o que fez e ameaçando matar-se. Quando o filho chegou ao local, já ele tinha disparado um tiro na cabeça. A Polícia encontrou no local a arma do crime, uma pistola 6.35 milímetros.
O alegado homicida está internado, em coma, no Hospital de Santo António, no Porto.
"A minha irmã confidenciou que os problemas com o indivíduo já vinham desde o Verão. Não terá havido cenas de violência física, mas a violência psicológica era muita", contou, ao JN, Lúcia Valente.
"Segundo contam, ela já ontem [anteontem] teria sido visto a chorar e a dizer que ele a andava a ameaçar por ela se querer separar. Tanto que eram cerca das 21,30 horas e ela ainda estava na papelaria, o que não era nada costume, mas estava lá porque resolveu mudar a fechadura, provavelmente já para o impedir de lá ir, porque ele passava os dias com ela", contou uma cliente, Arlete Amaral. "Era um cavalheiro, mas muito ciumento", acrescentou.
"O que eu sei é que ele é completamente perturbado e a minha irmã não aguentava mais. Tanto que ela saiu ontem da papelaria e foi para casa já com caixas para tirar de lá as coisas delas. Ele provavelmente não gostou e matou-a", contou Lúcia Valente.
Alertados, os bombeiros e a GNR encontraram Emília Valente morta. Perto dela, Abel Joaquim Rodrigues da Costa estava baleado na cabeça mas ainda com vida e foi transportado para o Hospital de Santo António.
Nada e criada em Ovar, junto dos nove irmãos e no seio de uma família bem conhecida naquela localidade, Emília Valente tinha 57 anos, era divorciada e não tinha filhos. Conheceu Abel Costa há cerca de três anos, mas só este ano resolveram viver juntos.
"jn"